Estudo do Instituto de Ciências do Mar, da Universidade Federal do Ceará, foi destacado em artigo na revista Marine Biodiversity
Um verdadeiro santuário em águas profundas. Assim podem ser definidos os recifes de corais do Canal do Uruaú, encontrados a 36 metros de profundidade e cerca de seis horas de barco a partir de Fortaleza. A área, alvo de estudos dos pesquisadores do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC), é destaque na edição de dezembro da revista internacional Marine Biodiversity, com o artigo “Ecossistemas mesofóticos: conjuntos de corais e peixes em um recife marginal tropical – Nordeste do Brasil (Mesophotic ecosystems: coral and fish assemblages in a tropical marginal reef – northeastern Brazil)”.
Em parceria com a operadora de mergulho Mar do Ceará, a equipe do Labomar investigou e descreveu os corais e peixes que vivem no fundo do mar daquela região. Por estar mais protegido da ação humana, o local serve como refúgio, ajudando os recifes de águas rasas a se recuperarem dos problemas de poluição, aquecimento global e pesca excessiva. “Seria como uma área de floresta preservada ajudar uma área que foi desmatada, degradada, a se recuperar”, explica o Prof. Marcelo Soares, um dos autores do estudo.
Biodiversidade marinha
Durante a pesquisa, foram feitas fotografias e realizados vídeos auxiliares na descrição do lugar, o que possibilitou um maior conhecimento sobre o ambiente em águas profundas. “Observamos uma biodiversidade significativa, principalmente de corais, tubarões, peixes e arraias. Os mergulhadores conhecem a área como um paraíso para as arraias”, aborda o instrutor de mergulho Marcus Davis, que também assina o trabalho.
Encontrados em diversas áreas no mundo, os recifes de águas profundas estão, no Brasil, em locais como os arredores da foz do Rio Amazonas, o litoral da Bahia, o Atol das Rocas e o Arquipélago de Fernando de Noronha. Os resultados da pesquisa do Labomar são importantes por fornecerem informações sobre a biodiversidade marinha de recifes desses locais, que vêm chamando a atenção de cientistas na última década. “O litoral do Ceará possui uma vida marinha rica e pouco conhecida, principalmente em águas mais profundas. O Canal do Uruaú é uma área bastante interessante, porém, infelizmente, sem qualquer tipo de proteção ambiental, apesar de sua função para que as espécies possam se reproduzir. Seria bastante relevante criar uma unidade de conservação marinha na área”, destaca o professor Marcelo Soares.
A pesquisa faz parte da rede do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Ambientes Marinhos Tropicais, que visa analisar os recifes de corais no Nordeste do Brasil.
Coleção de moluscos
Em comemoração aos 50 anos da Coleção Prof. Henry Ramos Matthews, a primeira de moluscos para fins científicos do Estado, o Labomar lançou, no último dia 2, uma edição especial da Revista Arquivos de Ciências do Mar. Disponível para acesso on-line através do Portal de Periódicos da UFCe do site do Instituto, a publicação conta com 10 artigos originais sobre pesquisas com moluscos.
Criada em 1966, na então Estação de Biologia Marinha da UFC, a coleção tem como objetivo promover os estudos sobre esses organismos e garantir a qualidade dos exemplares coletados na costa cearense. Atualmente, integra-se ao conjunto de coleções científicas brasileiras que se destacam no conhecimento da malacofauna do território nacional, contribuindo para pesquisas em diversas áreas da biologia e ecologia do grupo.
A edição especial teve como editoras as professoras Cristina de Almeida Rocha-Barreira, do Labomar, e Helena Matthews Cascon, do Departamento de Biologia, com o apoio da Sociedade Brasileira de Malacologia.
Para conferir o artigo em inglês, basta acessar a página da Marine Biodiversity.
Veja também:
Portal de Periódicos da UFC e o site do Instituto Labomar.
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