Imunidade coletiva Ciência Nordestina

terça-feira, 23 fevereiro 2021
Foto: Agência Brasil

Qual o percentual desejado de cobertura vacinal para que seja atingida a imunidade coletiva? 

Um ponto crítico nesta luta do planeta contra a covid-19 precisa ser insistentemente debatido pela sociedade: a coletividade do processo de vacinação. Em um momento em que a eficácia das diferentes marcas de vacina toma praticamente todos os espaços de atenção do grande público, uma questão relevante fica timidamente colocada em segundo plano: qual o percentual desejado de cobertura para que seja atingida a imunidade coletiva?

Embora esta seja uma questão complexa e ainda sem resposta exata, todos concordam que ela aponta no sentido de se vacinar o máximo possível de pessoas no menor intervalo de tempo. O mínimo que se deve vacinar permanece indefinido: mesmo com uma eficácia de 95%, a vacina contra sarampo só atinge imunidade coletiva com uma cobertura vacinal de 95% da população de interesse. Como regra, há um consenso de que quanto menor a eficácia da vacina maior será a necessidade de cobertura vacinal. Ou seja, em todos os horizontes, temos um longo caminho a percorrer.

Como motivação, alguns países que vem praticando a vacinação em massa vêm provando a importância deste processo: os Estados Unidos vêm vacinando 1,7 milhões de pessoas por dia, e já garantiu 1,2 bilhões de doses (o que dá e sobra). Com este ritmo de vacinação, o contágio por lá já caiu 39%, mesmo perfil observado em Israel, que vem liderando o processo de vacinação no planeta.

Enquanto isso, no Brasil, o Ministério da Saúde (dados atualizados em 17 de fevereiro de 2021) informa que 4.296.416 de doses foram administradas, o que corresponde a pouco mais de dois dias de vacinação nos EUA.

Nosso ritmo é muito lento e preocupante por diversos aspectos: para além da imunização coletiva ou erradicação da doença, este momento da vacinação tem o objetivo de reduzir os índices de internação e óbitos pela covid. E isso persistirá até termos um percentual razoável da população vacinada (com a segunda dose) – perceba que nos aproximamos da marca de 2% da população vacinada – o que é muito pouco.

Aos vacinados, vale um alerta: só estaremos de fato livres da doença quando se atingir uma cobertura vacinal alta (superior a 60% pelo menos). O papel do vacinado é fundamental para a conscientização dos não vacinados. A indústria do negacionismo está funcionando a todo vapor nas redes sociais, criando cards falsos e mentirosos, pregando medo e terror sobre o processo de vacinação. O objetivo desta propaganda negacionista é nefasto: ela começa pela alienação e termina com a morte pela covid.

É papel de cada vacinado mostrar que não virou jacaré e convencer sua família a aderir a vacinação. O Brasil precisa de muito mais vacinas (já) e também de uma população ativa e que saiba descartar toda a necropolítica que chega até nós pelas redes sob forma de inocentes mensagens de fake news.

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Helinando Oliveira é Professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) desde 2004 e coordenador do Laboratório de Espectroscopia de Impedância e Materiais Orgânicos (LEIMO).

Helinando Oliveira

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