O novo normal das escolas Ciência Nordestina

terça-feira, 16 fevereiro 2021

Não adianta perder a paciência com o vírus, escolas e universidades devem voltar após a vacinação em massa da população

Chega a ser inacreditável o poder que um ano novo pode exercer sobre a vida das pessoas. Como por um passe de mágica, os brasileiros internalizaram (não me pergunte como) que criança não se contamina e que é seguro mandá-las para as escolas. Em todas as que consultei, os relatos são surpreendentes quanto ao numero de pais e mães que desejam as aulas presenciais. E isso acontece na contra mão de uma realidade que coloca o Brasil em 45o lugar no ranking de vacinação (em termos percentuais) – com 1,45% da população vacinada (primeira dose) e uma das piores médias diárias de vacinação no mundo (dados de 11 de fevereiro). Isso ainda sem levar em consideração a variante do vírus de Manaus, que vem assustando todo o planeta.

Uma constatação óbvia da pouca paciência do brasileiro com a doença vem dos shoppings lotados, das festas e agora também das escolas. E tudo isso repousando sobre o fato de termos mais de 230 mil mortes por esta doença.

E mesmo se considerarmos o publico dos negacionistas e daqueles que defende o tratamento precoce  há de se imaginar que tenham percebido que nada está  normal. A lista de países com fronteiras fechadas para o Brasil é enorme. Nossa classe média não pôde passar suas férias (como de costume) fora do país.

E quanto a esta iniciativa de mandar as crianças para as escolas já surgem as primeiras consequências: uma escola em Campinas fechou após uma semana de aulas, dada a contaminação de 34 professores.

Ainda sobre a imunidade das crianças, o Reino Unido vem observando uma média semanal de 100 crianças internadas com a síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P).

Estes dados (reais e dolorosos) mostram que a decisão de iniciar o ano letivo de 2021 para as crianças no modo presencial está completamente equivocada. Crianças estão sob risco, assim como os professores e todos os familiares que estão em contato com elas.

Quem tem filho pequeno conhece os famosos resfriados do maternalzinho. Agora estamos falando de algo muito mais grave. As escolas e universidades devem voltar após a vacinação em massa da população. Não adianta perder a paciência com o vírus – a missão dele é matar – e continuará fazendo isso. É preciso cobrar o governo por um plano eficiente de vacinação (neste ritmo que aí está chegaremos a uma cobertura de imunização razoável em 2024). O problema é que a cada dia mais brasileiros morrem. Vivemos tempos em que a pressa é fundamental para salvar vidas. O Brasil precisa acelerar seu plano de vacinação. Enquanto isso deve também entender que o investimento em ciência é fundamental para evitar que no futuro passemos novamente por esta grande tragédia.

Referências:

Escola em Campinas fecha após uma semana de aulas, dada a contaminação de 34 professores 

Reino Unido vem observando uma média semanal de 100 crianças internadas com a síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica

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Helinando Oliveira é Professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) desde 2004 e coordenador do Laboratório de Espectroscopia de Impedância e Materiais Orgânicos (LEIMO).

Helinando Oliveira

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