Nanotecnologia e pele de tilápia Ciência Nordestina

terça-feira, 27 outubro 2020
Foto: Revista Fapesp.

A nanotecnologia abre um grande horizonte de possibilidades para curativos elétricos à base de pele de tilápia

Vieram do Ceará as primeiras notícias do uso da pele da tilápia em queimados. Com resultados promissores, esta tecnologia genuinamente brasileira já está sendo exportada para todo o mundo. Diversas vantagens podem ser destacadas para o tratamento com a pele da tilápia: a boa adesão à pele humana (dada a boa interação do colágeno com o leito da ferida) e a capacidade de acelerar a cicatrização. Tudo isso vem associado a uma importante propriedade, que é a redução no número de trocas do curativo, o que minimiza a dor do paciente impedindo a desidratação por perda de líquidos nos ferimentos.

Tendo em vista a potencialidade deste material, fica claro o horizonte de novos protótipos experimentais que podem ser explorados com este suporte. Em particular, diversas soluções da nanotecnologia precisam ser testadas neste protótipo de curativo que pode ser expandido não só para queimaduras, mas também para ensaios em úlceras varicosas e em ferimentos do tipo pé diabético.

Estas estratégias partem da liberação controlada de antibióticos incorporados na pele da tilápia até métodos físico-químicos mais modernos, que contornam a resistência a antibióticos adquirido por superbactérias.

Com isso, a impregnação de nanotubos de carbonos, recobrimento com películas de polímeros carregados eletricamente e opticamente ativos viabilizam novos processos acelerados de cicatrização. Já provamos em experimentos recentes (trabalhos de nosso grupo na Univasf) que o uso de campos elétricos baixos (gerados, por exemplo, por uma pequena bateria) tem efeitos promissores sobre o controle de infecções bacterianas. Com isso, é aberto um grande horizonte de possibilidades para curativos elétricos à base de pele de tilápia que reduza a quantidade de antibióticos usados nos trabalhos e reduza consideravelmente o tempo de cicatrização dos ferimentos.

A parceria com empresas da área segue em discussão e a expectativa é que em breve os estudos sejam iniciados na Univasf (Petrolina e Juazeiro). Pode sair em breve das águas do Rio São Francisco a matéria prima e dos laboratórios no Vale do São Francisco os dispositivos que venham a ajudar pacientes de todos os cantos do planeta no tratamento de ferimentos crônicos.

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Leia o texto anterior: A revolução dos cocos

Helinando Oliveira é Professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) desde 2004 e coordenador do Laboratório de Espectroscopia de Impedância e Materiais Orgânicos (LEIMO).

Helinando Oliveira

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