As previsões teóricas e a identificação de um buraco negro em nossa galáxia rendeu a três cientistas o prêmio Nobel de física desse ano
E o prêmio Nobel e física de 2020 foi merecidamente dedicado ao estudo dos buracos negros. Dois homens e um mulher (Roger Penrose, Reinhard Genzel e Andrea Ghez) dividem o prêmio pelas previsões teóricas (Penrose) e pela identificação de um buraco negro supermassivo no centro de nossa galáxia (Sagitário A*).
Apesar de se tratar de um tema extremamente complexo do ponto de vista conceitual (decorrente da teoria da relatividade de Einstein e de estudos posteriores de Penrose) e também experimental (visualizar algo que é invisível), os buracos negros são portas de entrada para uma região do espaço em que nenhum conhecimento humano deve funcionar.
O fato é que ao agrupar tanta matéria em tão pouco espaço, o buraco negro passa a ter uma densidade de massa infinita, gerando uma gravidade ao seu redor tão alta que impede até que os raios de luz escapem de sua superfície (daí a nomenclatura de buraco negro). E como a primeira imagem feita de um buraco negro mostra, o círculo dourado caracteriza o horizonte de eventos como sendo o limite de todo o conhecimento produzido pela espécie humana até hoje sobre o universo. A ciência não se atreveu a entrar dentro da singularidade do buraco negro (nós, a espécie humana, não sabemos lidar muito bem com os infinitos).
Especula-se que lá no centro da singularidade possam ser abertos e fechados canais que conectem diferentes pontos do universo (como se fossem verdadeiros buracos de minhoca). E fazer viagem por estes buracos de minhoca com velocidades maiores que a da velocidade da luz seria possível e um privilégio para objetos com energia negativa. Mas não sabemos que objetos são estes que têm energia negativa. Já descartamos no passado que o universo fosse todo preenchido de éter luminífero, mas hoje aceitamos que exista matéria escura e energia escura preenchendo tudo… Não conseguimos compreender o que seja 95% da composição do universo!
O fato concreto é que o prêmio Nobel de física de 2020 abre espaço e reconhece a importância da tremenda odisseia dos diminutos habitantes deste pálido planeta azul em sua tentativa de entender os infinitos que os circundam.
Somos aquele grão de areia que persiste no intuito de varrer as imagens das ondas no mar antes que uma delas nos leve da praia para qualquer outro lugar.
A coluna Ciência Nordestina é atualizada às terças-feiras. Leia, opine, compartilhe e curta. Estamos no Facebook (nossaciencia), Twitter (nossaciencia), Instagram (nossaciencia) e temos email (redacao@nossaciencia.com.br). Use a hashtag CiênciaNordestina.
Leia o texto anterior: O desafio das aulas remotas nas universidades
Helinando Oliveira é Professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) desde 2004 e coordenador do Laboratório de Espectroscopia de Impedância e Materiais Orgânicos (LEIMO).
Helinando Oliveira
Deixe um comentário