O desafio das aulas remotas nas Universidades Ciência Nordestina

terça-feira, 29 setembro 2020

A pandemia nos empurrou a um novo normal para o ensino que se mostra desafiador e totalmente inesperado

As universidades por todo o planeta estão experimentando a retomada das aulas por via remota. E o termo “experimentando” não poderia ser melhor empregado neste momento. A pandemia nos empurrou a um novo normal para o ensino que se mostra desafiador e totalmente inesperado.

Ministrar aulas remotas (síncronas e assíncronas) – ao vivo e gravadas, não é só transpor o que se fazia com quadro e pincel para a tela do computador. Tudo depende da velocidade da internet, dos recursos computacionais dos usuários e do nível de interesse de estudantes e professores. As perguntas surgem de imediato e revelam que tudo é muito novo:

– Como avaliar o desempenho dos estudantes?

– Como garantir a assiduidade deles?

– Como mantê-los motivados?

– Qual a melhor plataforma a usar?

Em meio a tantas dúvidas, sempre surgem duas vertentes e suas soluções diversas. A pedagogia vem com as metodologias ativas, as salas de aula invertidas… Os conservadores entendem que nada muda… E as soluções vão das mesas digitalizadoras às práticas de youtubers… Estas possiblidades e questões têm levado a categoria docente a uma situação de quase desespero.

Para equacionar tudo isso, vale um resgate: em nosso velho e tradicional método de ensino expositivo (quadro e pincel – o velho face a face) temos percebido que não chegamos a todos os estudantes – alguns estão presentes apenas em corpo (com o pensamento longe dali). Sabemos que só aprende quem está predisposto a tentar – e em salas com 60 pessoas isto é bem mais complicado. Com isso, sabemos que ainda temos muito que melhorar no ensino presencial. Ou seja, nem 8 ou 80. Nada é perfeito, mas também não é o caso de jogarmos fora toda a prática recente.

O fato é que o momento atual pede uma pausa no presencial e um mergulho de olhos fechados no ensino remoto. É óbvio que é desconhecido. É óbvio que não conseguiremos inovar em todas as práticas pedagógicas em meio ao caos. Se não exercitamos a sala invertida no ensino presencial, como faríamos isso agora?

Este é um momento de insegurança para docentes e discentes e a inovação precisa vir em pitadas que são fundamentadas pela prática docente.

Então, convenhamos, nem conversador nem arrojado. O meio termo mostra ser o menos arriscado. O ensino continua sendo o ensino, e relação professor-estudante neste ambiente adverso precisa ser ainda mais próxima.

O professor está em casa – seu estudante também. A pandemia continua matando milhares todos os dias. Não há normal. Estamos todos abalados e precisamos nos ajudar. Para isso, será necessária muita paciência para entender que este é um processo novo e susceptível a falhas de diferentes naturezas. Uma criança cai várias vezes antes de aprender a pedalar. Ninguém “empina a bike” neste momento.

Todos precisamos entender que o termo “cobrar” precisa ser substituído pelo termo cooperar. Aprenderemos muito com ensino remoto à medida que não o compararmos com o presencial. Quando voltarmos, veremos o quanto que estas ferramentas ajudarão o velho ensino presencial a melhorar. Façamos um aprendizado pautado na verdade e na parceria de todos os envolvidos. Que aprendamos à distância à espera da imunidade (científica) e de um novo normal enriquecido por estas práticas.

Estamos prontos para aprender neste imenso mergulho na escuridão.

Vamos lá?

Em 3, 2, 1.

“Olá pessoal, vocês conseguem me ouvir?”

Veja também a entrevista com a professora Eliana Andrade no Instagram do Nossa Ciência

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Leia o texto anterior: Antivitaminas

Helinando Oliveira é Professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) desde 2004 e coordenador do Laboratório de Espectroscopia de Impedância e Materiais Orgânicos (LEIMO).

Helinando Oliveira

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